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sexta-feira, abril 03, 2009

Only Pride

Em novembro de 2008, inaugurou na Baixada Santista o Casebre Bar & Lounge, uma das únicas opções GLS da região. Entretanto, a vizinhança não aprovou o público do local, que foi obrigado pela Prefeitura a fechar as portas.

Mas os responsáveis pelo Casebre não desistiram de oferecer à comunidade LGBT da Baixada Santista opções de lazer: no próximo dia 09/04 eles promovem a festa Only Pride em novo lugar no Centro de Santos.

A novidade é que, além do dark room, a casa vai disponibilizar o “pink room” só para meninas. Agitam a pista os DJs Lekos (tribal), Rodrigo Bunny (electro) e o convidado Sandrinhu Castro (prog).

Serviço:
Festa Only Pride
09/04 às 22h
c/ flyer: R$ 13,00
s/ flyer: R$ 15,00
R. Visconde do Rio Branco, 49 – Centro/Santos
Ao lado da Alfândega

-> Cahhh, me espere em Santos.. hauuahuahuah'

Oração aos homofóbicos

Por Paco Llistó do Dykerama.

"Eu não posso deixar que ninguém saiba que eu não sou hétero. Isso seria tão humilhante. Meus amigos iriam me odiar, com certeza. Eles poderiam até me bater. Na minha família, já ouvi várias vezes eles falando que odeiam os gays, que Deus odeia os gays também. Isso realmente me apavora quando escuto minha família falando desse jeito, porque eles estão realmente falando de mim... Às vezes eu gostaria de desaparecer da face da Terra."

É assim que Bobby, um jovem americano de 20 anos, descreve em seu diário a angústia de ser gay e de não ser aceito pela própria família ultra-católica. Bobby é o protagonista de “Prayers for Bobby”, filme que não tem previsão de estreia no Brasil e que foi produzido pelo canal de TV Showtime.


Assisti ontem a esse belo e tocante filme. Fiquei emocionado com a grandeza épica da produção, que conta com Sigourney Weaver no elenco (em atuação absolutamente convincente). Por ter sido produzido para a TV, “Prayers for Bobby” tem caráter doutrinador, porque em certos momentos contrapõe de maneira incisiva a visão preconceituosa da Igreja em relação aos homossexuais. Por esse motivo, o longa tem importância não apenas como obra artística, mas também como mensagem institucional (duas entidades gays são citadas, a P-FLAG, que reúne pais de homossexuais nos EUA, e a ICM – Igreja da Comunidade Metropolitana, que tem representação aqui no Brasil).

Fiquei pensando numa maneira de orar pelos preconceituosos, que insistem em nos “curar” e que usam a Bíblia para nos atacar. Vamos entoar a oração e pedir para que um dia o mundo seja um pouquinho mais tolerante?

Pai,
Perdoai aqueles que se dizem Seus porta-vozes
Que acreditam que estão fazendo justiça em Vosso nome
Tem compaixão por Seus filhos que usam a Bíblia para proferir inverdades contra nós

Pai,
Sabes que o que fazemos não é pecado
Que amamos nosso igual porque cremos na dádiva maior que é o Amor
Sabes também que temos fé e que nossas crenças não são diferentes da maioria

Por isso, Pai, proteja-nos dos ataques que recebemos diariamente
Orienta-nos para seguirmos sempre o melhor caminho
Olhe por nossa proteção e existência

Em nossa luta diária, dê-nos força para mudarmos o mundo
Para plantarmos a tolerância e a união
E orientarmos os preconceituosos em direção ao respeito

Pai,
Perdoai os homofóbicos
Eles não sabem o que fazem

Amém!

A Mulher em nos.


Jean Wyllys escreve:

É uma característica marcante das culturas gays aquela inversão de gênero na hora de se referir ou se reportar aos pares. Em outras palavras, é comum que um homossexual masculino assumido e que participa de alguma cultura gay trate um amigo ou colega como se ele fosse uma mulher. “Ela é mulher, eu sei”, dizem uns para se referir à homossexualidade daquele que não é assumido. “Você vai ficar com aquele cara? Ele é praticamente uma mulher”, comentam aqueles que desejam apontar e depreciar a feminilidade do outro. “A senhora está podendo, não é?”, falam os que querem elogiar os amigos. “Eu sou bonita, meu amor, b-o-c-e-t-a, bonita!”, debocham os que não se levam a sério. “Sou rica, absoluta!”, emendam os que se levam a sério...

Os exemplos se multiplicam, quem participa da cultura gay sabe disso. Sem falar dos apelidos que os gays recebem dos – e dão aos - amigos e que são versões “femininas” dos verdadeiros nomes masculinos. Versões que, em geral, terminam com o sufixo “ete”. Exemplos? Silvio: Silvete; Ely: Eliete; Gildásio: Gildete; e por aí vai...

Em minha intimidade, eu também troco as pessoas e troco os pronomes, como disse Renato Russo em Meninos e meninas. Mas, sempre troco pessoas e pronomes com propósitos positivos. Eu sou um feminista. Identifico com as mulheres e gosto de mulheres não só por saber que o movimento gay nasceu do movimento feminista, mas, sobretudo, porque a cultura reservou ao gênero feminino o que tem melhor. Concordo com Gilberto Gil que a melhor porção de um homem é sua porção mulher, aquela que o faz viver. E estou certo, como o está Chico César, de que já fui mulher, eu sei, e de que nenhuma mulher me basta. Nasci de uma mulher, convivi com mulheres em casa e na escola e namorei bastante com mulher...

Mas, nem todo homossexual masculino se relaciona com as mulheres dessa maneira, principalmente com as mulheres lésbicas. Vigoram entre os gays uma misoginia (aversão a mulheres) e um machismo assustadores; aqueles mesmos machismo e misoginia que vigoram também entre as próprias mulheres (por exemplo, é muito comum uma mulher dizer que mulher nunca é amiga de outra e que, por isso, prefere ser amiga de homens). Há guerra de sexo no seio da comunidade LGBT. Nem sempre há harmonia entre as cores de nosso arco-íris. Os gays, travestis e transexuais estão sempre jogando aberto ou fechado com o universo cultural feminino. Estão sempre ou se refletindo no espelho da mulher ou fugindo de seu reflexo naquele espelho. A única coisa certa é que um homossexual masculino nunca é indiferente às mulheres.

Se você mora em São Paulo e se interessa ou se interessou por esta discussão, então, você não pode perder o debate A mulher em nós - feminismo, misoginia e guerra dos sexos entre LGBT´s, que vai reunir a escritora, cantora e compositora Vange Leonel, a jornalista Ana Fadigas (criadora e ex-editora de G Magazine) e eu e que vai acontecer no próximo dia 06 de abril, segunda-feira, na Livraria Cultura do Market Place Shopping Center (Avenida Dr. Chucri Zaidan, 902) a partir das 19h. Você é nosso convidado especial! Na seqüência, farei o lançamento de TUDO AO MESMO TEMPO AGORA, meu terceiro e mais novo livro. Apareçam.