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segunda-feira, abril 12, 2010

The Real L Word

por Del. do Parada Lesbica.

Já imaginou um reality show só com lésbicas produzido pela criadora de The L Word?
Estréia 20/06 – Veja o trailer, o poster e as participantes!

Quem estava com saudades de uma super produção hollywoodiana voltada para lésbicas pode comemorar. Ilene Chanken, criadora da série favorita de 9 em 10 lésbicas, The L Word, agora surge com outra grande novidades para nosso público, um reality show inspirado na série.

The Real L Word já está sendo gravado e estréia dia 20 de Junho no canal americano Showtime, responsável pela série original e por outras séries de qualidade, como Dexter por exemplo.

A série irá acompanhar um grupo de lésbicas de elite da costa oeste americana, contando sobre suasvidas, romances e trabalhos.

Conheça as 6 participantes principais, são elas:

tracyTRACY
29 anos — Silverlake, Califórnia
Executiva de Televisão e Cinema

Por trás de seu visual sensual de terninho, Tracy é uma mulher fashion fazendo o que sabe fazer de melhor – desenvolver estouros de bilheteria durante a semana enquanto patina e sai com os amigos no fim de semana. Com um toque de seriedade e charme, ela recentemente despontou na cena. Tracy é o sonho de qualquer garota, exceto talvez por sua mãe, que está tendo dificuldades em lidar com a sexualidade de Tracy. Tracy vai ser capaz de se reconectar com sua mãe enquanto começa um novo relacionamento que traz consigo suas próprias complicações familiares?

nikkiNIKKI
37 anos — West Hollywood, Califórnia
Produtora/Administradora; noiva de Jill

Esta mulher super estilosa e bem sucedida de West Hollywood foi casada com um homem por cinco anos antes de sair do armário durante o “Oprah Winfrey Show”. Mais tarde ela ganhou um prêmio GLAAD por sua aparência e desde então nunca olhou para trás. Nikki tem orgulho de ser chama de “a barracuda” (um tipo de peixe predador) da indústria. Quando ela não está representando uma renomada lista de diretores e talentos, ocupa seu tempo com seu filho único fazendo compras e mais recentemente, planejando o casamento com sua noiva Jill. Ela pode ser uma perfeccionista durona, mas ela não deixa de pedir ajuda quando tem problemas – desde que ninguém esteja vendo.

jillJILL
33 anos — West Hollywood, Califórnia
Escritora; Nikki’s fiancé

A vizinha da porta ao lado vestindo tênis durante o dia e salto durante a noite. Jill é aberta e afável, no entanto cuidado quando os jogos de futebol americano começam, pois ela se torna fervorosa torcendo por Michigan. Esta garota que veio de Jersey cresceu em uma família de judeus ortodoxos e permanece bastante próxima deles. Ainda que insegura a respeito de sua “fluidez sexual,” ela agora está empolgada em revelar sua “normal e bela vida.” Jill é a garota que todos homens desejariam, mas que apenas uma garota tem.

whitneyWHITNEY
27 anos — Hollywood, Califórnia
Técnica de Efeitos Especiais

A amante da vida que não se prende por nada. Com gênio selvagem e esperteza das ruas, Whitney é totalmente solicita. E não demora muito para sua paixão por mulheres a colocar em problemas… Especialmente com mulheres héteros. En quanto Whitney pode ser a melhor amiga que você poderia ter, ela é a pior namoramorada que poderia existir. Ela está sempre “procurando por amor, mas perdendo para a luxúria”

mikeyMIKEY
34 anos — Van Nuys, Califórnia
Fundadora da Gallery Los Angeles; Produtora da Semana de Moda de Los Angeles.

O gênio selvagem por de trás das cortinas da moda. Cheia de tatuagens e sempre atrás de construir motocicletas, todos sabem quando Miley entra no prédio da Cooper. Quando ela não está preparando a semana da moda, ela está trabalhando e promovendo com seus clientes designers em encontros de moda, ensaios fotográficos, encontros e coquetéis. Infelizmente sua vida de intenso trabalho deixa pouco tempo para ela passar com sua noiva que é maquiadora. De qualquer forma, esta nativa da cidade de Culver tem muito a nos mostrar nos próximos meses e nós mal podemos esperar para ver tudo isso.

roseROSE
35 anos — Pasadena, Califórnia
Acessora Pública

Esta latina sexy foi a inspiração para a personagem Papi em The L word. Ela é uma destruidora de corações tentando se livrar dos velhos hábitos e se envolver em um relacionamento sério… mas ela não está tão certa se confia em sí mesma ainda. Felizmente, ela tem uma família que lhe dá muito suporte e que adoraria que ela se aquietasse com sua namorada de seis meses – que eles todos adoram. Mas Rose tem fobia de casamento e talvez seja um pouco selvagem demais para se acomodar com apenas uma pessoa. Ela pode ser tradicional, mas será que o gosto por aventura e sua fama de boa vida farão com que essa jogadora nunca se comprometa com ninguém?

Veja o poster:

trlw

E o trailer exclusivamente legendado pelo do Parada:



Living after goodbye – Parte III

PARTE III

Alice e Kit levam Max para casa. O rapaz diz que está cansado e vai para a antiga garagem, onde mora. Na residência ao lado, Bette está no escritório cuidando dos negócios da galeria da qual é sócia-proprietária com Kelly Wentworth.

Tina chega, abre seu notebook e decide procurar emprego em outro estúdio. Navegando em páginas de informação, encontra notícias sobre a produção do último roteiro de Jenny. No chão, Angélica e Shane brincam de montar um quebra-cabeça de um quadro de Goya.

- Ei, girls, vocês não vão acreditar nisso aqui – comenta a loira.

- O que é, Ti? – pergunta Bette, sem desviar os olhos de seu computador.

- Ouçam essa manchete: Último roteiro escrito por Jenny Shecter será estrelado por Niki Stevens – a produtora executiva se joga para trás na cadeira, perplexa.

- Ow shit! – exclama Shane.

- E tem mais. A jovem atriz diz que está muito feliz em poder homenagear a amiga morta com seu trabalho. Niki conta que as filmagens já começaram. Homenagear Jenny? O que ela está pensando? – indigna-se.

- Isso é ridículo – opina Bette.

- Ow fuck! – diz a loira.

- Tina! Angélica está aqui – repreende a curadora da galeria de arte.

- Vocês sabem quem vai dirigir esse filme? – a produtora, um tanto exaltada, olha para sua mulher e para a amiga – Façam suas apostas – incentiva.

As duas tentam pensar em algum nome, mas desistem.

- Dylan Moreland – anuncia – A diretora foi escolhida por ter sido amiga da roteirista. Os produtores acreditam que assim poderão levar para a tela o mais próximo dos sentimentos de Jenny ao escrever. Quem também foi convidada a fazer parte da equipe é a jovem e talentosa figurinista Liv Gordon. Ela acabou de chegar da Europa, onde causou frisson com seus trabalhos – Tina olha para as amigas sem acreditar no que lê.

- Dylan? O que será que Helena vai pensar quando souber disso? – indaga-se Shane.

- Acho que ela não vai ficar feliz… E acho melhor não contarmos nada ainda. Mas… Liv Gordon? Acho que nunca ouvi falar dela – comenta Bette.

Shane também não reconhece o nome em suas intermináveis listas de mulheres.

- Hum… Ela fez o figurino de uns filmes europeus. Ah, tem um ótimo! Aquele sobre a rainha Elizabeth, a guerreira – a loira tenta fazer as outras se recordarem.

- Huuuum… A garota é boa, adorei os figurinos desse filme – responde a irmã de Kit.

- Pena que não tem fotos dela aqui – lamenta-se a produtora.

- Ficou interessada? – provoca Bette.

Tina dá de ombros.

- Só quero saber como ela é – confirma a loira, alimentando o ciúme de sua companheira.

- Mamy Be, o que a gente vai fazer hoje à noite? – pergunta Angie.

- Baby, a mamy Be vai sair com a mamy Ti hoje. Mas amanhã nós podemos passar o dia na piscina e depois assistir a um filme. O que você acha?

Angélica pensa na proposta da mãe.

- A tia Shane pode ficar com a gente? – questiona.

- Pode, docinho. A tia Shane e suas outras tias vão ficar com a gente amanhã.

- Êeeeeeeeeee – a menina se levanta e começa a correr pelo escritório, provocando o riso nas três adultas.

Tina deixa sua cadeira e pega a filha no colo.

- Mas agora meu biscoitinho vai para o banho – enche a bochecha dela de beijos.

- Ah… – lamenta a criança.

- Nada de “ah…”, mocinha.

- Hei Angie, quando você voltar do banho, prometo uma tigela bem grande cheia de pipoca – Shane pisca para a pequena.

- Oba! – alegra-se Angélica, que se solta de Tina e dá um beijo na cabeleireira.

A produtora sobe com a filha para o banho.

- Vai ao Hit hoje, Shane? – pergunta Bette.

- Mas é claro que ela vai! Nem que eu mesma tenha que arrastá-la – responde Kit, entrando junto com Alice.

- Ow, não, Kit, não. Hoje eu não quero sair… Me desculpe, mas eu não vou ao Hit – diz.

- Shane, qual é? Vamos lá… Por mim! – pede Alice, olhando para a amiga com os olhos úmidos.

- Ei, Al, como estão Tasha e você? – preocupa-se a cabeleireira.

- Não estamos – ela responde e se senta ao lado da amiga, desmontando o quebra-cabeça.

- O que é isso? – pergunta a sócia da boate e do café para a irmã mais nova.

- Angie e Shane estavam brincando – esclarece Bette.

- Um quebra-cabeça de quinhentas peças que forma réplicas de pinturas famosas?! Você deu isso a Angie com apenas quatro anos? – interroga a jornalista, com uma careta de reprovação.

- Dei. Acho importante Angélica crescer desenvolvendo seus sentidos para a arte. E ela adora tintas – orgulha-se – É a pintora da escolinha – afirma Bette.

- E você, Kit? Conte-nos como vai a sua drag… Quer dizer… O seu… – Shane tenta mudar de assunto, fica na duvida em como se referir ao namorado da dona do Hit Club e faz todas rirem.

- Ui… Sonny Benson é incrível! Meninas… Fico com calor só de me lembrar.

- Acho essa história incrível – admira Alice.

- E por que você não desenvolve um roteiro? – sugere Tina – A sua primeira ideia rendeu 500 mil dólares à Jenny.

Shane vai até a cozinha e coloca pipoca no microondas.

Alice pensa na sugestão da produtora, mas antes de poder dizer algo, seu celular toca. Ela pede licença e vai atender na cozinha, onde está a amiga cabeleireira. As duas voltam com três tigelas de pipoca para todas.

Angélica entra no escritório e dança com o fone de seu mp4 novo no ouvido.

- O que ela está ouvindo? – pergunta Tina.

- Ah, é a sequência que nossa querida Sunset Boulevard preparou para tocar no Hit esta noite. Os maiores sucessos da Disco Music, girls! Aquela boate vai ferver hoje – promete a dona do estabelecimento.

Helena chega e cumprimenta a todas com largo sorriso.

- Hello, girls!

- E por falar em ferver, eis que miss Peabody está de volta – comenta Bette entre risos.

As amigas riem. Shane puxa Helena para o chão e monta em cima dela, segurando-lhe as mãos acima da cabeça e imobilizando-a com as pernas.

- Onde a senhorita estava? – diverte-se a ex de Jenny como não fazia há alguns dias.

- Ei! Acho que estamos sobrando aqui, garotas – avisa Alice em tom de brincadeira e finge que vai se levantar.

- Isso é o que se chama chegar junto – ri Tina – Deve ser por isso que ela faz tanto sucesso.

- A sargento MacDuffy é boa? – Kit vai direto à questão.

Elas ficam em silêncio por alguns instantes e olham sérias para Helena, que não resiste.

- Maravilhosaaaaaaaaaa!

Shane se deita em cima dela. Alice e Tina se jogam no montinho, com Angélica por cima.

- Crianças, crianças! Deixem a nossa inglesinha falar – pede sua sócia.

As cinco se sentam.

- Quer dizer que alguém teve uma tarde… – Bette olha para a filha e pensa na palavra mais adequada – Animada?! – pergunta num sorriso insinuante.

- Não brincamos de casinha, se é o que vocês querem saber. Mas Mary é uma mulher incrível – derrete-se a empresária.

- Huuuuuuum! Mary – suspiram as amigas, todas juntas, e caem em gargalhadas.

- Se ela cumprir o que promete, Helena, você tirou a sorte grande, literalmente – brinca Alice.

- Vai levá-la ao Hit hoje? – quer saber Tina.

- Eu a convidei, só que hoje ela está de plantão – lamenta-se – Mas… Vamos nos encontrar amanhã – revela – Combinamos de correr juntas…

- Correr?! Helena, acho que eu não preciso dizer que há outras maneiras de vocês duas se exercitarem – insinua Bette.

- Ow, ow, ow. Perguntas fundamentais – Shane pede silêncio e Helena se posiciona para o interrogatório – Ela é solteira?

- Sim.

- Beija bem?

- Sim.

- Dyke ou no armário?

A inglesa faz suspense.

- Totalmente dyke! – acaba por dizer.

A empresária é abraçada pelas amigas que estão ao seu redor.

- Boa, garota! É isso aí. É muito bom ter a nossa Helena conquistadora irresistível de volta – comemora Shane.

Bette se levanta e chama a filha. Ela vai ligar para a babá que fica com Angie quando ela sai com sua mulher.

No escritório, Alice conta para Helena sobre a ideia do roteiro. A sócia de Kit aprova e incentiva a amiga a criar a história. Ao mesmo tempo, pensa em Lez Girls e comenta que se o estúdio ainda fosse seu, distribuiria o filme original e, em seguida, rodaria o script de Alice.

Todas ficam em silêncio.

- E se você conversar com sua mãe? – sugere Shane.

- Ow, acho que podemos ter alguma chance – anima-se Tina – William está falido, não consegue distribuir sua versão com final hétero. Ah, acabo de receber a informação que Adele e aquele presidente pularam fora da jogada – comemora.

- Esperem… – Helena se levanta e dá alguns passos pelo escritório tentando se lembrar de algo – Quando minha mãe me desautorizou a usar nossa fortuna, o advogado que cuidou de tudo não vendeu o estúdio. Ele arrendou até que eu pudesse reassumir a presidência. E os direitos do filme foram comprados em nome da Peabody-Shaolin Film Studio – ela se anima à medida que se recorda de alguns detalhes – Então, pelo que Tina diz, nosso único empecilho é o investimento de William no projeto. Você se lembra de quanto foi, Ti? – ela pede ajuda para recordar a cifra.

- Dezenove milhões de dólares – responde a produtora executiva.

- Não quero ser muito otimista, mas… Acho que conseguimos cobrir esse valor com os patrocinadores certos – vibra a empresária.

As mulheres se empolgam com a ideia e Tina vai buscar Bette enquanto Helena faz algumas ligações.

A inglesa consegue, em poucos minutos, 15 dos 19 milhões que precisa. Enquanto as outras pensam no que fazer, Helena se lembra do dinheiro guardado em Malta. Ela diz que não gastou nada enquanto estava com Dusty no arquipélago paradisíaco. Pede para usar o notebook de Tina e busca o saldo de sua conta pela internet.

- Bem, girls – ela sorri – Acho que podemos começar a jogar com seis milhões nossos – anuncia.

As amigas ficam impressionadas com o montante e decidem comemorar o novo empreendimento.

- O brinde fica para mais tarde, no Hit – sugere Kit.

Todas murmuram em concordância.

- Muito bem, agora eu preciso ir ver o meu advogado para saber dos termos do contrato de arrendamento. Vejo todas vocês mais tarde – despede-se Helena.

Kit acompanha sua sócia.

Alice vai com Shane até a casa da amiga. Bette e Tina ficam sozinhas enquanto Angélica brinca no quarto.

- Parece que alguém não vai precisar de outro emprego – diz Bette enquanto puxa a parceira para si e a beija.

- Parece que não – Tina acaricia o corpo da curadora.

- Isso significa que adiamos em definitivo a mudança para Nova Iorque? – pergunta a morena enquanto deixa a blusa de sua mulher cair no chão.

- Definitivamente adiada! – responde a loira enquanto desliza a mão para dentro da calça de Bette.

Tina senta numa das cadeiras e leva a parceira consigo, sem parar de acariciá-la. A curadora respira acelerado e beija o pescoço de Ti enquanto lhe aperta os seios. Elas se movimentam no mesmo ritmo. Quando a produtora geme mais alto, Bette lhe cobre a boca com beijos.

A loira sente em seus dedos o gozo de sua mulher. Elas se entregam ao prazer de se terem e se abraçam.

Com a cabeça deitada no ombro da produtora, a morena respira profundo, ainda sob efeito do orgasmo.

- Eu ainda preciso me casar com você – sussurra.

Ti abre um sorriso radiante e busca os lábios de sua amada.

- E eu estou pronta para dizer sim a você.

As duas ficam de rosto colado e sonham, cada uma a sua maneira, com uma cerimônia de casamento.

Living after goodbye – Parte II

continuemos...

Parte 2 do primeiro capítulo do Fanfic que continua a série lésbica mais saudosa de todos os tempos!


No The Planet, Bette e Tina se despedem das amigas antes do almoço. Não que alguma delas esteja com fome. O casal vai buscar Angélica, filha delas, na escola. Coisa que fazem desde a morte de Jenny e do adiamento da mudança para Nova Iorque.

Alice e Kit acabam convencendo Shane a ir junto. Será bom para ela se distrair um pouco. Sem muita vontade para ir ou para ficar, a cabeleireira acaba se deixando levar pelas amigas.

O luto de Shane não é apenas pela namorada morta. Sente-se confrontada em seus princípios com a morte de Jenny. Acredita que a escritora morreu por sua culpa, por ela não saber levar um relacionamento, por sua aversão ao “nós”. Desde então, pensa na possibilidade de outras garotas terem feito o mesmo que Jenny e ela nem saber. Ao mesmo tempo, a decisão de abandonar Carmem no altar ainda lhe pesa e as lembranças da DJ retornam com mais força após vê-la no vídeo tributo a Bette e Tina.

Shane sempre viu no casal de amigas o ideal de um relacionamento. Não que elas sejam perfeitas ou não tenham crises. Ao contrário, são humanas e vivem as qualidades e os defeitos uma da outra. E ainda assim, tem uma família. São mães de Angélica e estão aguardando a vez para adotarem um bebê.

Naquele momento, porém, adotam a amiga. O passeio pela praia, o almoço à beira mar e a ida à sorveteria são muito mais para Shane do que para Angie. Ainda que a menina esteja muito feliz com as mães depois da escola.

No café e bar preferido das lésbicas em West Hollywood, Alice, Tasha, Max e Kit almoçam uma comida cubana pedida de um restaurante próximo.

- Eu tenho que ir – anuncia Tasha enquanto junta suas coisas – Tenho prova hoje à noite e preciso estudar – justifica.

A policial recém ingressa na Academia se despede de Alice com carinho, mas as duas ainda não sabem se continuam tendo um relacionamento. Ainda não tiveram uma nova conversa.

- Nós vamos com Max a uma consulta. Está quase na hora desse bebê nascer – informa Kit.

Alice deixa a ex-namorada sair sem dizer nada. A separação recente ainda dói. O sentimento de Tasha por Jamie ainda machuca. A traição da amiga ainda fere. E a jornalista não quer saber se as duas tiveram ou não qualquer envolvimento a mais desde que ela, Alice, expôs os sentimentos das três numa conversa.

A loira tenta não pensar naquilo tudo, mas sabe que precisa resolver sua vida. Seguir com ou sem Tasha. Contudo, a perspectiva de não ter sua mulher ao lado a entristece.

- Max, você já pensou no nome do bebê? – pergunta a jornalista, escondendo uma lágrima.

- Ainda não, Al… Eu acreditei que não faria isso sozinho – Max se recosta na cadeira com suas lembranças do ex-namorado, Tom Mater.

- Mas seu filho vai precisar de um nome, garoto – incentiva Kit – E não se preocupe que todas nós vamos ajudar você a cuidar dele – a empresária segura a mão do desenvolvedor de softwares.

- Eu ainda acho que essa criança não deveria nascer, eu… – respira fundo – Ela vai me ver como pai, mas um dia vai saber que eu a gerei. Não sei se eu suportaria bem uma situação assim – desabafa o transexual.

- Você está mesmo determinado a mudar de sexo? – pergunta Alice.

- Acho que minhas dúvidas terminaram, Al. Assim que eu puder, depois dessa gravidez, vou me submeter à cirurgia. É a minha decisão.

- Você fica lindo de barba, boy – elogia Kit – E quanto ao seu filho, Max, ele está quase nascendo e será o que tiver de ser. Estamos com você – abraça-o.

- Acho melhor nós irmos para o consultório da obstetra ou vamos nos atrasar – alerta Alice.

Os três saem juntos.

A alguns quarteirões dali, Liv está indecisa em frente ao seu closet. Tenta decidir qual o vestido mais apropriado para se apresentar no novo trabalho. A figurinista chegou da Europa com uma proposta da Paramount para um filme. Só foi ver o roteiro quando devidamente instalada em sua casa, mas a proposta financeira e a garantia de ganho sobre o faturamento do projeto, que inclui ainda um game com os personagens da película, fizeram com que ela aceitasse o trabalho antes mesmo de ler o script.

A jovem está curiosa para conhecer novas pessoas. Leiam-se: novas possibilidades de conquistas. Nem bem se despediu de suas belas irlandesas, já sente o corpo reclamar a falta de companhia.

Algumas trocas de roupa depois, Liv escolhe uma peça não muito curta, um vestido balonê, num tom rosa cru; colares desarmônicos coloridos que se complementam; um mini colete cinza grafite; uma meia calça preta com bordado floral; e, nos pés, um scarpin com estampas coloridas das Fabulosas Vilãs da Disney. A maquiagem é cuidadosamente natural. Antes de sair, arruma as coisas na cozinha e deixa um recado para sua mãe avisando aonde vai.

Liv Gordon é linda. Fato. Olhos verdes e intensos. Diria até que transbordantes. Corpo muito bem feito em curvas e com volumes cheios nos lugares exatos. O cabelo cor de fruta vermelha pronta a ser colhida não é liso nem cacheado. Wave, como ela gosta de dizer. O corte é repicado, bem moderno, combinando com sua personalidade.

Jeito e atitude de conquistadora, acredita num relacionamento sério e duradouro. Paradoxal? Não! É só que enquanto a mulher de seus desejos não aparece, experimenta tantas quantas possa. Não é muito de se apaixonar. E, apesar de duvidarem, é capaz de amar intensamente. E ama. Sobretudo sua mãe e seu trabalho.

A it girl não precisa que o espelho lhe emita opiniões. Basta sair às ruas e os olhares de gula se multiplicam. As mais audaciosas não se contentam em comê-la com os olhos e se declaram, “gostosa!”.

Liv é apaixonada por vestidos, quase nunca usa calças, mas adora mulheres que as vestem. Especialmente quando combinadas a um terninho. E se for uma composição em preto e branco, então…

- Irresistíveis! – ela admite.

Esplêndida em seus 26 anos, acaba de retornar a Los Angeles, cidade onde passou a maior parte da adolescência. Fez curso de Design de Moda no Fashion Institute of Technology (FIT), em Nova Iorque. Nem bem tinha dado conta do último semestre, ganhou bolsa de estudos no Studio Berçot, em Paris, para especialização em figurino para cinema. Dois dias após seu baile de formatura, arrumou as malas, terminou com a namorada, deixou o colo de Mary e seguiu, esvoaçante como é, rumo ao velho continente.

Um ano e meio depois, concluído o curso com um trabalho numa produção de época francesa, seguiu para Londres e causou frisson ao produzir o figurino de um filme cult sobre a Rainha Guerreira. Passou outro ano e meio trabalhando e estudando no Central Saint Martins College. Alguns dos mais antenados diretores europeus já lhe atribuíam o título de garota prodígio e queriam tê-la em suas produções.

Terminado o último filme dos três em que trabalhou ao mesmo tempo, tirou seu mês de férias e foi fazer um pouco do que mais gosta: olhar pessoas na rua e estudar o que elas vestem em vários lugares diferentes. Adora pessoas que constroem verdadeiros tipos com suas roupas e anota pérolas para si.

- A rua é o laboratório mais democrático – costuma dizer.

Com muito material na bagagem, algumas peças que não dispensaria de seu guarda-roupa e uma saudade imensa do abraço da mãe, voltou para L.A. depois de passar por Espanha, Grécia, Turquia, Leste Europeu e, finalmente, Irlanda. Em solo americano, o trabalho novo a espera. Uma comédia lésbica com um toque de ficção científica, com direito a alienígenas. Nada de incrível, só um candidato a blockbuster, mas um trabalho que lhe renderá um bom dinheiro. E não deixa de ser sua entrada em Hollywood.

Enquanto se dedicava a estudar o roteiro e lia as cenas mais quentes, sentia necessidade de uma nova inspiração (leia-se: uma nova mulher em sua cama) para criar o figurino das personagens do filme e do game – esta será sua primeira experiência numa produção mais complexa. Pensa nisso enquanto dirige rumo à primeira reunião com a equipe de trabalho.

Liv entra no estúdio da Paramount e é saudada por futuros companheiros de jornada. O encanto pela ruiva é natural. Cabelos soltos, ela parece mesmo uma fada, só que com saltos altos no lugar das asas. Algumas pessoas se aproximam e se apresentam mais interessadas em saber quem é a jovem. Ela, porém, não guarda o nome ou as feições de quaisquer deles porque uma mulher alta, cabelos curtos e pretos, trajando um jeans básico e uma camisa branca de botões, faz elevar seu desejo ao ápice.

A mulher repara no burburinho ao seu redor e deixa de lado os papéis que lia concentrada. Aproxima-se com olhar interessado.

- Você é…? – pergunta franzindo a sobrancelha.

- Liv Gordon – apresenta-se a ruiva com um sorriso.

- A figurinista! – a mulher alta reconhece o nome.

- E você? – quer saber Liv, um tanto ansiosa.

- Dylan Moreland – revela a outra, prestando atenção em cada detalhe da mulher a sua frente.

- A diretora! – admira-se a recém chegada.

Sorriem.

- É um prazer tê-la em nossa equipe, Liv. Eu… Pude ver alguns de seus trabalhos e fiquei bastante impressionada – cumprimenta Dylan.

Um breve toque de mãos é o suficiente para revelar a atmosfera de desejo que as envolve.

- Obrigada – sorri a ruiva – Eu também conheço alguns de seus documentários e gosto bastante deles. The other side of Nothing é… Uau! Incrível. Mas… – tenta se recordar de algo – Nunca assisti a uma ficção dirigida por você… – a it girl já se sente à vontade no ambiente.

- Ow, esse é meu primeiro trabalho de não documentário como diretora – explica.

- Somos duas estreantes em Hollywood então… – comenta Liv sem conseguir esconder o quanto está interessada em Dylan.

- Fui convidada a dirigir o filme por ter convivido com a roteirista. Os produtores acreditam que assim serão mais fiéis ao estilo dela. Não sei se você a conhecia…

- Jenny Shecter é das minhas escritoras preferidas – admite a figurinista – e o fato de trabalhar num roteiro escrito por ela foi uma das minhas razões para aceitar o emprego. Então você a conheceu? It’s amazing!

- É, eu tive esse prazer – sorri a diretora, encerrando o assunto Jenny – Bom, se você precisar de alguma coisa, pode me procurar – Dylan vira-se para sair, mas para no meio do movimento e se volta para Liv – Vou assistir ao último teste das atrizes para o papel principal. Temos duas finalistas aqui. Talvez… Quer vir? – convida.

- Claro!

As duas se dirigem para o estúdio onde as atrizes farão o último teste.

Nos arredores da delegacia onde trabalha, entre uma conversa e outra, Mary convida Helena para um almoço num restaurante japonês. Elas param na calçada.

- Eu conheço um lugar por perto, costumo ir lá depois de meus plantões – comenta a investigadora.

- Comida japonesa é das minhas preferidas, Mary – diz a inglesa com um sorriso radiante nos lábios – E a sua companhia parecer ter o dom de deixar as coisas mais… – tentava escolher a palavra.

- Mais o que? – insiste a policial, bastante curiosa.

- Mais gostosas – Helena afirma enquanto passeia os olhos por aquele metro e oitenta centímetros de mulher.

- Bem… – Mary responde à provocação num meio sorriso, levantando apenas num canto da boca e deixando transparecer no olhar todo o desejo que sente pela empresária – Acho que se pode dizer o mesmo de você, Helena – a detetive pronuncia o nome da bela inglesa num tom mais sensual e oferece a mão para a outra.

Acostumada a ter o controle da situação, a proprietária do The Planet e do Hit Club se deixa conduzir pela sargento, excitada com a presença dela. A nova ferida aberta por Dylan ainda não cicatrizou, mas isso não a impede de desejar outra mulher.

Ainda que doa, Helena admite para si mesma que ama a diretora. Diferente do sentimento que teve por qualquer outra mulher que esteve em sua cama, salas, cozinha, corredor, piscina, sauna ou banheiro. Procura, porém, guardar as recordações da única mulher que a deixa molhada só de olhar. A empresária concentra-se no oceano oferecido pelos olhos de Mary, sem medo de mergulhar neles.

As duas entram no restaurante de comida oriental e escolhem uma mesa mais reservada para apreciarem o almoço e os lábios uma da outra.

(Continua…)