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segunda-feira, abril 12, 2010

Living after goodbye – Parte II

continuemos...

Parte 2 do primeiro capítulo do Fanfic que continua a série lésbica mais saudosa de todos os tempos!


No The Planet, Bette e Tina se despedem das amigas antes do almoço. Não que alguma delas esteja com fome. O casal vai buscar Angélica, filha delas, na escola. Coisa que fazem desde a morte de Jenny e do adiamento da mudança para Nova Iorque.

Alice e Kit acabam convencendo Shane a ir junto. Será bom para ela se distrair um pouco. Sem muita vontade para ir ou para ficar, a cabeleireira acaba se deixando levar pelas amigas.

O luto de Shane não é apenas pela namorada morta. Sente-se confrontada em seus princípios com a morte de Jenny. Acredita que a escritora morreu por sua culpa, por ela não saber levar um relacionamento, por sua aversão ao “nós”. Desde então, pensa na possibilidade de outras garotas terem feito o mesmo que Jenny e ela nem saber. Ao mesmo tempo, a decisão de abandonar Carmem no altar ainda lhe pesa e as lembranças da DJ retornam com mais força após vê-la no vídeo tributo a Bette e Tina.

Shane sempre viu no casal de amigas o ideal de um relacionamento. Não que elas sejam perfeitas ou não tenham crises. Ao contrário, são humanas e vivem as qualidades e os defeitos uma da outra. E ainda assim, tem uma família. São mães de Angélica e estão aguardando a vez para adotarem um bebê.

Naquele momento, porém, adotam a amiga. O passeio pela praia, o almoço à beira mar e a ida à sorveteria são muito mais para Shane do que para Angie. Ainda que a menina esteja muito feliz com as mães depois da escola.

No café e bar preferido das lésbicas em West Hollywood, Alice, Tasha, Max e Kit almoçam uma comida cubana pedida de um restaurante próximo.

- Eu tenho que ir – anuncia Tasha enquanto junta suas coisas – Tenho prova hoje à noite e preciso estudar – justifica.

A policial recém ingressa na Academia se despede de Alice com carinho, mas as duas ainda não sabem se continuam tendo um relacionamento. Ainda não tiveram uma nova conversa.

- Nós vamos com Max a uma consulta. Está quase na hora desse bebê nascer – informa Kit.

Alice deixa a ex-namorada sair sem dizer nada. A separação recente ainda dói. O sentimento de Tasha por Jamie ainda machuca. A traição da amiga ainda fere. E a jornalista não quer saber se as duas tiveram ou não qualquer envolvimento a mais desde que ela, Alice, expôs os sentimentos das três numa conversa.

A loira tenta não pensar naquilo tudo, mas sabe que precisa resolver sua vida. Seguir com ou sem Tasha. Contudo, a perspectiva de não ter sua mulher ao lado a entristece.

- Max, você já pensou no nome do bebê? – pergunta a jornalista, escondendo uma lágrima.

- Ainda não, Al… Eu acreditei que não faria isso sozinho – Max se recosta na cadeira com suas lembranças do ex-namorado, Tom Mater.

- Mas seu filho vai precisar de um nome, garoto – incentiva Kit – E não se preocupe que todas nós vamos ajudar você a cuidar dele – a empresária segura a mão do desenvolvedor de softwares.

- Eu ainda acho que essa criança não deveria nascer, eu… – respira fundo – Ela vai me ver como pai, mas um dia vai saber que eu a gerei. Não sei se eu suportaria bem uma situação assim – desabafa o transexual.

- Você está mesmo determinado a mudar de sexo? – pergunta Alice.

- Acho que minhas dúvidas terminaram, Al. Assim que eu puder, depois dessa gravidez, vou me submeter à cirurgia. É a minha decisão.

- Você fica lindo de barba, boy – elogia Kit – E quanto ao seu filho, Max, ele está quase nascendo e será o que tiver de ser. Estamos com você – abraça-o.

- Acho melhor nós irmos para o consultório da obstetra ou vamos nos atrasar – alerta Alice.

Os três saem juntos.

A alguns quarteirões dali, Liv está indecisa em frente ao seu closet. Tenta decidir qual o vestido mais apropriado para se apresentar no novo trabalho. A figurinista chegou da Europa com uma proposta da Paramount para um filme. Só foi ver o roteiro quando devidamente instalada em sua casa, mas a proposta financeira e a garantia de ganho sobre o faturamento do projeto, que inclui ainda um game com os personagens da película, fizeram com que ela aceitasse o trabalho antes mesmo de ler o script.

A jovem está curiosa para conhecer novas pessoas. Leiam-se: novas possibilidades de conquistas. Nem bem se despediu de suas belas irlandesas, já sente o corpo reclamar a falta de companhia.

Algumas trocas de roupa depois, Liv escolhe uma peça não muito curta, um vestido balonê, num tom rosa cru; colares desarmônicos coloridos que se complementam; um mini colete cinza grafite; uma meia calça preta com bordado floral; e, nos pés, um scarpin com estampas coloridas das Fabulosas Vilãs da Disney. A maquiagem é cuidadosamente natural. Antes de sair, arruma as coisas na cozinha e deixa um recado para sua mãe avisando aonde vai.

Liv Gordon é linda. Fato. Olhos verdes e intensos. Diria até que transbordantes. Corpo muito bem feito em curvas e com volumes cheios nos lugares exatos. O cabelo cor de fruta vermelha pronta a ser colhida não é liso nem cacheado. Wave, como ela gosta de dizer. O corte é repicado, bem moderno, combinando com sua personalidade.

Jeito e atitude de conquistadora, acredita num relacionamento sério e duradouro. Paradoxal? Não! É só que enquanto a mulher de seus desejos não aparece, experimenta tantas quantas possa. Não é muito de se apaixonar. E, apesar de duvidarem, é capaz de amar intensamente. E ama. Sobretudo sua mãe e seu trabalho.

A it girl não precisa que o espelho lhe emita opiniões. Basta sair às ruas e os olhares de gula se multiplicam. As mais audaciosas não se contentam em comê-la com os olhos e se declaram, “gostosa!”.

Liv é apaixonada por vestidos, quase nunca usa calças, mas adora mulheres que as vestem. Especialmente quando combinadas a um terninho. E se for uma composição em preto e branco, então…

- Irresistíveis! – ela admite.

Esplêndida em seus 26 anos, acaba de retornar a Los Angeles, cidade onde passou a maior parte da adolescência. Fez curso de Design de Moda no Fashion Institute of Technology (FIT), em Nova Iorque. Nem bem tinha dado conta do último semestre, ganhou bolsa de estudos no Studio Berçot, em Paris, para especialização em figurino para cinema. Dois dias após seu baile de formatura, arrumou as malas, terminou com a namorada, deixou o colo de Mary e seguiu, esvoaçante como é, rumo ao velho continente.

Um ano e meio depois, concluído o curso com um trabalho numa produção de época francesa, seguiu para Londres e causou frisson ao produzir o figurino de um filme cult sobre a Rainha Guerreira. Passou outro ano e meio trabalhando e estudando no Central Saint Martins College. Alguns dos mais antenados diretores europeus já lhe atribuíam o título de garota prodígio e queriam tê-la em suas produções.

Terminado o último filme dos três em que trabalhou ao mesmo tempo, tirou seu mês de férias e foi fazer um pouco do que mais gosta: olhar pessoas na rua e estudar o que elas vestem em vários lugares diferentes. Adora pessoas que constroem verdadeiros tipos com suas roupas e anota pérolas para si.

- A rua é o laboratório mais democrático – costuma dizer.

Com muito material na bagagem, algumas peças que não dispensaria de seu guarda-roupa e uma saudade imensa do abraço da mãe, voltou para L.A. depois de passar por Espanha, Grécia, Turquia, Leste Europeu e, finalmente, Irlanda. Em solo americano, o trabalho novo a espera. Uma comédia lésbica com um toque de ficção científica, com direito a alienígenas. Nada de incrível, só um candidato a blockbuster, mas um trabalho que lhe renderá um bom dinheiro. E não deixa de ser sua entrada em Hollywood.

Enquanto se dedicava a estudar o roteiro e lia as cenas mais quentes, sentia necessidade de uma nova inspiração (leia-se: uma nova mulher em sua cama) para criar o figurino das personagens do filme e do game – esta será sua primeira experiência numa produção mais complexa. Pensa nisso enquanto dirige rumo à primeira reunião com a equipe de trabalho.

Liv entra no estúdio da Paramount e é saudada por futuros companheiros de jornada. O encanto pela ruiva é natural. Cabelos soltos, ela parece mesmo uma fada, só que com saltos altos no lugar das asas. Algumas pessoas se aproximam e se apresentam mais interessadas em saber quem é a jovem. Ela, porém, não guarda o nome ou as feições de quaisquer deles porque uma mulher alta, cabelos curtos e pretos, trajando um jeans básico e uma camisa branca de botões, faz elevar seu desejo ao ápice.

A mulher repara no burburinho ao seu redor e deixa de lado os papéis que lia concentrada. Aproxima-se com olhar interessado.

- Você é…? – pergunta franzindo a sobrancelha.

- Liv Gordon – apresenta-se a ruiva com um sorriso.

- A figurinista! – a mulher alta reconhece o nome.

- E você? – quer saber Liv, um tanto ansiosa.

- Dylan Moreland – revela a outra, prestando atenção em cada detalhe da mulher a sua frente.

- A diretora! – admira-se a recém chegada.

Sorriem.

- É um prazer tê-la em nossa equipe, Liv. Eu… Pude ver alguns de seus trabalhos e fiquei bastante impressionada – cumprimenta Dylan.

Um breve toque de mãos é o suficiente para revelar a atmosfera de desejo que as envolve.

- Obrigada – sorri a ruiva – Eu também conheço alguns de seus documentários e gosto bastante deles. The other side of Nothing é… Uau! Incrível. Mas… – tenta se recordar de algo – Nunca assisti a uma ficção dirigida por você… – a it girl já se sente à vontade no ambiente.

- Ow, esse é meu primeiro trabalho de não documentário como diretora – explica.

- Somos duas estreantes em Hollywood então… – comenta Liv sem conseguir esconder o quanto está interessada em Dylan.

- Fui convidada a dirigir o filme por ter convivido com a roteirista. Os produtores acreditam que assim serão mais fiéis ao estilo dela. Não sei se você a conhecia…

- Jenny Shecter é das minhas escritoras preferidas – admite a figurinista – e o fato de trabalhar num roteiro escrito por ela foi uma das minhas razões para aceitar o emprego. Então você a conheceu? It’s amazing!

- É, eu tive esse prazer – sorri a diretora, encerrando o assunto Jenny – Bom, se você precisar de alguma coisa, pode me procurar – Dylan vira-se para sair, mas para no meio do movimento e se volta para Liv – Vou assistir ao último teste das atrizes para o papel principal. Temos duas finalistas aqui. Talvez… Quer vir? – convida.

- Claro!

As duas se dirigem para o estúdio onde as atrizes farão o último teste.

Nos arredores da delegacia onde trabalha, entre uma conversa e outra, Mary convida Helena para um almoço num restaurante japonês. Elas param na calçada.

- Eu conheço um lugar por perto, costumo ir lá depois de meus plantões – comenta a investigadora.

- Comida japonesa é das minhas preferidas, Mary – diz a inglesa com um sorriso radiante nos lábios – E a sua companhia parecer ter o dom de deixar as coisas mais… – tentava escolher a palavra.

- Mais o que? – insiste a policial, bastante curiosa.

- Mais gostosas – Helena afirma enquanto passeia os olhos por aquele metro e oitenta centímetros de mulher.

- Bem… – Mary responde à provocação num meio sorriso, levantando apenas num canto da boca e deixando transparecer no olhar todo o desejo que sente pela empresária – Acho que se pode dizer o mesmo de você, Helena – a detetive pronuncia o nome da bela inglesa num tom mais sensual e oferece a mão para a outra.

Acostumada a ter o controle da situação, a proprietária do The Planet e do Hit Club se deixa conduzir pela sargento, excitada com a presença dela. A nova ferida aberta por Dylan ainda não cicatrizou, mas isso não a impede de desejar outra mulher.

Ainda que doa, Helena admite para si mesma que ama a diretora. Diferente do sentimento que teve por qualquer outra mulher que esteve em sua cama, salas, cozinha, corredor, piscina, sauna ou banheiro. Procura, porém, guardar as recordações da única mulher que a deixa molhada só de olhar. A empresária concentra-se no oceano oferecido pelos olhos de Mary, sem medo de mergulhar neles.

As duas entram no restaurante de comida oriental e escolhem uma mesa mais reservada para apreciarem o almoço e os lábios uma da outra.

(Continua…)

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