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terça-feira, julho 13, 2010

Living after goodbye – Parte VI

Em casa, Liv se concentra em seu trabalho. Quer apresentar pelo menos três conjuntos de roupas para as personagens já na segunda-feira. Pensa em Dylan enquanto cria peças exclusivas para o figurino do filme. Pensa na outra protagonista da história, a agente secreta do FBI, que vai fazer par romântico com a personagem mercenária de Niki Stevens.

A ruiva gosta mais da outra personagem, mais centrada e sóbria. Pensa para ela, como figurino principal na cor preta, um mini vestido de algodão para ser usado com uma calça skinny de couro com a costura em linha de um tom dourado envelhecido aparecendo. Marcando uma cintura baixa, ela escolhe um cinto cobre fosco, largo, no qual está fixado o coldre da arma da personagem. Liv ainda não está satisfeita com sua criação.

Abre seu closet e busca alguma peça que combine com o que tem em mente. Sorri instantaneamente para sua bota Prada, de uma coleção exclusiva. Cano longo, o modelo de cor marrom escuro é formado por três partes que se encaixam. A primeira, um sapato clássico, de bico levemente quadrado; a segunda parte vai até a metade da canela e está costurada à debaixo. O laço do cadarço trançado ao longo da perna fica pouco abaixo do meio da canela. A última parte, costurada à segunda pelas laterais, sobe até abaixo dos joelhos numa outra bela amarração.

- Isso é o que eu chamo de uma Xena moderna! – avalia, referindo-se à personagem de seu seriado preferido de alguns anos atrás.

Para terminar o look, pensa em algo para quebrar o preto da roupa. Muitos cabides depois, encontra um sobretudo bordô, comprado em sua viagem à Itália, numa loja da Gucci.

- Esta dupla é perfeita! – orgulha-se de suas peças.

Ela volta ao notebook onde trabalha desenhando com uma caneta própria para a tela de seu Mac. Acrescentados os detalhes, a figurinista sorri satisfeita com sua criação.

Bette, Tina e Angélica vão ao supermercado em busca de suprimentos para a festinha diurna que realizarão em sua piscina. Angie se diverte entre as prateleiras de doces e suas mães precisam se esforçar para não ceder aos pedidos encantadores da menina.

Em meios às compras, a curadora da galeria de arte recém inaugurada em L.A. encontra-se com sua sócia, Kelly Wentworth.

- Bom dia família feliz – cumprimenta Kelly.

- Ei, Kelly. Como vai? – responde Tina.

- Ótima! E vocês? – ela pergunta, jogando charme para Bette.

- Ótimas também – a morena dá mais atenção ao rótulo da garrafa que tem nas mãos.

- Essa é a pequena Angélica de quem Bette tanto fala? – interessa-se pela menina – Ela é linda, Tina!

- Obrigada – orgulha-se a mãe.

- Parabéns! Então, Bette, quando teremos novidades na galeria? – tenta chamar a atenção de sua sócia.

- Ow… Achei que fôssemos discutir isso na reunião de segunda-feira, Kelly – responde a curadora.

- Certo… Bem, boas compras e bom final de semana – despede-se.

Tina olha para a loira já a certa distância e depois para sua parceira. Ela está realmente feliz com a atitude de sua mulher.

- Isso foi incrível! – comemora.

- What? – pergunta Bette.

- Kelly Wentworth flertando, jogando charme e você ignorando tudo isso ou tudo aquilo – diz.

- Ah – a morena faz com que sua atitude não pareça nada demais.

- Bette? – Tina chama sua parceira.

- Sim?

- O que está acontecendo aqui?

- Nada demais, Ti. Eu só estou feliz por estar casada com a mulher que eu amo e que, felizmente, escolheu me amar também – sorri.

A produtora se emociona com a resposta.

- O que vamos levar para sobremesa? – pergunta a curadora.

- Sorvete de chocolate! – responde Angélica.

- Huumm! Sorvete de chocolate? – a loira pega a filha no colo.

- É! – a menina confirma o pedido.

- O que você acha, mamy Be? – pergunta a sua mulher.

- Acho uma ótima ideia! – a curadora sorri.

Elas se dirigem para a área de gelados do estabelecimento e acrescentam dois potes de sorvete de chocolate ao carrinho.

- Mais alguma coisa? – pergunta Bette.

- Hum… Acho que não, está tudo aqui – analisa Tina, conferindo os produtos no carrinho – Já podemos ir – conclui – Será que todas as meninas vão? – questiona.

- Acho que sim… Em mais de uma semana quase não conseguimos fazer nada sozinhas! – comenta a curadora.

- Eu gosto da presença delas… E parece que estamos, não sei, mais unidas de alguma forma depois… – constata a produtora.

- É, a morte de Jenny nos aproximou de uma nova forma, como se tivéssemos mudado de nível ou coisa assim – concorda a morena.

Elas passam os produtos no caixa e se dirigem para o carro. Angie vai no colo de Bette enquanto Tina ajeita as coisas no porta-malas. A curadora ajeita a filha na cadeirinha e elas seguem para casa.

Shane e Alice também passam no supermercado antes de irem para a casa de Bette e Tina. Elas deduzem que as amigas darão conta das comidas. Então, decidem se dedicar à prateleira das bebidas.

- E então? – pergunta a jornalista, sem saber o que pegar em meio a tantas garrafas.

- Acho que… Vodka! – decide a cabeleireira.

- Comum ou sabores? Ai, por que esses fabricantes têm que dificultar as nossas vidas? – a loira questiona com duas garrafas de diferentes cores nas mãos.

- Ei, Al, deixa que eu cuido disso, ok? Vamos ver… – Shane pega as garrafas das mãos de Alice e as analisa.

- Absolut Citron. Boa escolha! Mas acho que a nossa boa e velha vodka nós dá mais possibilidades de drinks – comenta.

- Alguma sugestão de drinks?

- Hum… Cranberry, Vodka Gimlet, Cosmopolitan, Spiced Pear Mojito, nosso tradicional Sex on the beach, Tonic and… Vodka Martini!

- Vamos levar um Martini também? – pergunta Alice.

- Hum, não. A Helena com certeza vai levar um – considera Shane.

- Ah, sure! Martini e Helena. Não estamos nos esquecendo de nada? – pergunta a loira.

- Canudinhos coloridos com frutinhas? – sugere a morena.

- For sure! – anima-se a jornalista.

Elas passam na sessão onde se encontram os canudinhos e escolhem um pacote de cores e frutas sortidas. Terminada a compra, seguem para a casa de Shane.

No The Planet, Kit está cuidando das coisas quando Helena chega com Mary. As duas estão suadas e a inglesa ligeiramente sem fôlego.

- Alguém aí quer uma água? – oferece a sócia.

- Duas, por favor! – pede a empresária.

Kit volta com duas garrafas e entrega às duas.

- Bom dia sargento MacDuffy. Tudo bem?

- Bom dia… E não precisa usar meu nome oficial aqui. Pode me chamar de Mary – sorri – Obrigada pela água, Kit.

- De nada – a irmã de Bette avalia positivamente a detetive – Vocês aceitam mais alguma coisa?

- Pode deixar que eu vejo isso Kit, mas acho que não vamos ficar muito. Tem a reunião na casa de Bette e Tina, você não vai? – pergunta Helena.

- É claro que eu vou! – ela ri – Sonny vai passar aqui daqui a pouco. Você fica com a gente, Mary? – quer saber, curiosa.

- Ow, Helena me convidou, mas… Eu não sei…

- Não sabe? Por acaso tem medo de nós? – brinca a sócia-proprietária do bar e café.

- Ah, de forma alguma, não é isso, Kit. Eu só não sei se devo ir… – explica.

- Mas é claro que deve! Vai ser divertido… Let’s go, girl! – insiste.

- Bom, eu só não posso ficar muito. Entro no plantão hoje às quatro da tarde. E preciso passar em casa antes. Tenho que ver como está Liv – revela.

- Liv? Quem é? – indaga Helena.

Mary sorri ao ouvir o nome da filha.

- Minha pequena fada ruiva. Bem… Não tão pequena assim – ela faz um gesto engraçado com a cabeça – Liv é minha filha. Ela está em casa, trabalhando. E eu sei que quando ela se concentra em algo, esquece que o mundo existe – diz.

- Leve-a também – sugere Kit.

- Não sei se ela vai querer ir. Ela está muito empolgada com o novo trabalho. Quer levar algumas coisas prontas na segunda-feira – justifica.

- Mas você vai? – pergunta a inglesa, já refeita da corrida.

- Vamos, Mary!

- Ok, eu vou.

Helena sorri, feliz com a decisão da investigadora.

- Posso passar na sua casa e vamos juntas. O que você acha? – oferece a empresária.

- Ok, sem problemas. Até mais, então… – ela se despede de Kit e dá um selinho em Helena antes de sair.

A inglesa se volta para sua sócia.

- Ai! – ela comemora.

- Babygirl! Mas o que é isso? Já temos um relacionamento? – quer saber a amiga.

- Hum… Ainda não! Estamos… Nos conhecendo ainda. Mas acho que poderemos ter um relacionamento! – alegra-se.

- Ha ha! É isso aí, garota! Você tem que seguir com sua vida. Aliás, todas nós, não é mesmo? – as duas se abraçam.

- Você está certa, Kit.

Sonny entra no Planet.

- Olá, meninas! – cumprimenta ele sorrindo.

- Ei! E, lamento dizer, tchau, Sonny – diz Helena.

- Mas já? – pergunta ele. Depois, beija Kit.

- Preciso de um banho urgente e trocar de roupa. O ritmo dela não é fácil de acompanhar, Kit. Beijos… Vejo vocês daqui a pouco – a bela inglesa sai.

- Programação para hoje? – pergunta Sonny Benson, que à noite se transforma em Sunset Boulevard, a rainha das pistas em L.A.

- Almoço e piscina na casa da minha irmã – responde a mais velha das irmãs Porter.

- Só para garotas? – ele pergunta, entre beijos.

- Hum… Não, boy! Não somos o clube da Luluzinha. As meninas sempre aceitaram bem os meus relacionamentos. E… Elas adoram você! – derrete-se Kit.

- Sinto-me lisonjeado por ser bem vindo em tão seleto grupo de mulheres! – diz ele, com uma reverência em tom de brincadeira.

- Oh, come on, boy! Pare com isso! – pede a empresária.

- Ok! E nós vamos para lá agora?

- Daqui apouco. Tenho que dar algumas instruções aqui, já que Helena também não vai ficar.

- Por falar em Helena, ela parecia bastante animada. Aconteceu algo? – interessa-se em perguntar.

- Seria mais correto dizer aconteceu alguém. Uma certa policial anda mexendo com os desejos e brilhando os olhos da nossa inglesinha – revela.

- Bem, desejo que ela seja feliz. Nesse pouco tempo que trabalho com vocês, aprendi a admirar Helena. Ela é uma mulher incrível – elogia.

- Essa é a mesma opinião de noventa e nove vírgula nove por cento das frequentadoras do Hit, baby. Para lotar aquele lugar, basta que ela esteja lá – diz.

- A preferida da noite na Cidade dos Anjos? – diverte-se o Drag Queen.

- Acho que não chega a tanto… A preferida de L.A. é a Shane! E esse título é difícil de tirar dela – comenta Kit – Bom, deixa eu trabalhar um pouquinho que logo nós vamos pra casa da Bette – avisa e deixa o namorado com um beijo.

Antes de decidir sobre a roupa, Mary se preocupa em ver como está Liv. Ela encontra a filha como imaginava, sentada no tapete azul turquesa de seu quarto, ladeada por seus puffs aromáticos de bichinhos e totalmente imersa em seu computador. A mão que segura a caneta de desenho não para.

A policial observa a figurinista trabalhar. Observa-lhe os traços delicados e a determinação em ser perfeita no que faz.

- Liv? – chama em tom baixo, para não assustá-la.

A garota responde com um sorriso.

- Você se lembrou de comer alguma coisa? – questiona a investigadora.

- Que horas são? – espanta-se a ruiva.

- Ainda não é tão tarde, querida. São dez horas. Mas você está aqui desde cedo, deveria ter comido pelo menos uma fruta, ter saído para respirar um pouco. Faria bem… – de roupão e com os cabelos ainda molhados, ela entra no quarto e se senta ao lado da filha – Fez muita coisa?

- Estou tentando criar pelo menos três figurinos para os personagens. Esse daqui é o da atiradora de elite, uma das principais – ela aponta para o modelo que já mostrara à Dylan.

- Diferente… Não sei se poderia ser adotado, mas para um filme, é lindo, baby – Mary se levanta – Que acha de mim usando um modelito assim? – pergunta, divertida.

- Mãe, você já é a policial mais gata de L.A. Num modelito assim, iria provocar sérios danos a todos os seus colegas da corporação. Acho que a polícia federal da Califórnia ia sofrer sérias baixas por sua causa – a jovem responde no mesmo tom de brincadeira.

- Certo. E o que você vai fazer pelo resto do dia? – quer saber a oficial.

- Eu não tenho planos para hoje, a não ser trabalhar, mãe. Talvez, mais tarde, eu ligue para a Dylan… – cogita – E como foi a corrida? Ou não foi uma corrida? – provoca a detetive.

- Foi só uma corrida mesmo, mocinha. Bom… Eu vou sair com ela daqui a pouco… – conta.

- Huuuuuum! – Liv deixa a caneta de lado e se joga em cima de sua mãe, fazendo as duas caírem – Isso já é quase um relacionamento! – pronuncia a palavra com voz de personagem de filme de terror – Precisa de ajuda com a produção? – oferece.

- Acho que não preciso de uma produção! É um almoço entre amigas, não um encontro a duas.

- Nossa, mas já vai conhecer as amigas? A família também?

- Engraçadinha! Deixa eu ir me arrumar… A Helena vai passar aqui – informa.

- Quer dizer então que vou poder conhecer? – anima-se a jovem.

- Se prometer se comportar – adverte Mary, implicando com a filha.

- Prometo que não vou morder! – a ruiva levanta o braço em sinal de juramento e ri.

Ela se levanta e vai até o quarto da mãe opinar no que a policial deve vestir para a ocasião. As duas concordam em uma bermuda de tecido leve, uma camiseta esporte e sandálias rasteiras. Um visual despojado, bem diferente da austeridade do dia a dia da investigadora.

Mary prepara um almoço simples para a filha. Tirinhas de frango aos vegetais e arroz. Ela sabe da aversão de Liv por panelas e fogão, apesar de, quando querer, a figurinista saber muito bem fazer uso de temperos e ingredientes na cozinha. Enquanto isso, a ruiva prepara uma gelatina de framboesa, sua preferida.

- Você tem certeza que não quer ir? – certifica-se Mary.

- Tenho, mãe. Vou ficar em casa, em meio a minhas ideias, brincando de criar modelos para as personagens do filme e do game. Eu estou me divertindo muito aqui. Os modelos virtuais que o pessoal enviou são fantásticos – entusiasma-se a jovem.

A campainha toca. Mãe e filha se olham e sorriem.

- Foi difícil achar o caminho? – diz Mary, enquanto recebe Helena.

- Não, estou acostumada a passar por aqui. Acho até incrível que nunca tenhamos nos visto – comenta a empresária.

- Bom, pode ser que não tenhamos reparado uma na outra antes – cogita a oficial do FBI.

- É, pode ser. Então, está pronta? – pergunta, enquanto admira o visual básico-chic da detetive – Você está linda – elogia.

- Ah, obrigada! Nada como ter uma figurinista em casa, não é? – responde Mary, um tanto sem jeito com o elogio da outra – E, eu… Bem, Liv está aqui… Pensei que…

- Seria um prazer conhecer sua filha – diz Helena.

Elas sorriem.

- Liv? – chama a policial.

- Já vou, mãe – responde ela, enquanto põe a gelatina na geladeira. A jovem ajeita o vestido branco simples que usa e vai até a sala.

- Helena, essa é minha filha, Liv – Mary apresenta as duas, que se admiram mutuamente.

- Agora entendo porque sua mãe se refere a você como fada ruiva – sorri a inglesa, cordialmente. Elas se dão as mãos num cumprimento amistoso.

Liv se alegra ao ouvir o apelido que tem desde a infância.

- Dizem por aí que eu nasci numa floresta da Irlanda, mas nada comprovado – conta, espirituosa.

- Você vem com a gente? – pergunta a empresária, gentil.

- Ah, não, obrigada. Estou entretida com uns figurinos e brincando de desenhar um uniforme para um exército alienígena também – diverte-se.

- Uh, parece desafiador.

- E é, mas é divertido também. Ah, por favor, não se atrasem por minha causa – ela olha para Helena e Mary – Divirtam-se! – despede-se da sócia-proprietária do Hit com um abraço carinhoso e da mãe com um selinho, um carinho natural entre elas – Bye… – Liv sobe as escadas em direção ao seu quarto.

- Ela é adorável – avalia Helena.

- Ela é muito parecida com a outra mãe dela…

- Mia. Não era esse o nome? – recorda-se a empresária.

- Ela mesma – sorri Mary enquanto fecha a porta atrás de si.

Durante a corrida pela manhã, Mary contou de seu relacionamento com Mia e da tragédia que aconteceu quando era tão jovem. As duas entram no carro de Helena e partem rumo à casa de Bette e Tina.

(Continua…)

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