Have an account?

terça-feira, julho 13, 2010

Living after goodbye – Parte VII

Alice e Shane chegam à residência da cabeleireira. Da entrada, elas veem Bette, Tina e Max organizando as coisas para o churrasco. As duas percebem os movimentos mais lentos do amigo, prestes a dar à luz. As amigas demoram o tempo necessário para Shane trocar de roupa. A morena se sente mais à vontade em suas camisetas largas e bermudas de skatista. Ela ajeita o cabelo debaixo de sua toca preta e calça um chinelo. Não tardam a se reunirem na piscina da casa ao lado.

- Bom dia! – cumprimenta a cabeleireira.

- Ei Shane! Você parece mais bem disposta hoje – observa Max.

- Hei guys, onde deixo essas belezas? – quer saber Alice, apresentando as duas garrafas de vodka.

- Ow, eu cuido delas – prontifica-se Bette – Vou pôr no freezer – informa.

- Deixa eu ajudar você com isso, Max – oferece-se Shane. Ela não deixa o amigo se abaixar para pegar o carvão – Você não deve fazer esse tipo de esforço, boy. Tem que pensar no bebê – alerta.

- A Shane está certa, Max. Você deveria relaxar. Nós damos conta – diz a produtora – Quem sabe um banho de piscina? Eu adorava um quando estava grávida de Angélica – a loira sorri para a filha, que brinca na água.

- Acho que não me sentiria bem, Tina, mas obrigado. Já que vocês vão cuidar das coisas, eu vou me sentar um pouco – decide o desenvolvedor de softwares e se ajeita numa cadeira reclinável.

Shane tira a camiseta e a deixa sob os ombros, ao redor do pescoço, ficando de biquíni e bermuda. Ela se candidata a tomar conta do churrasco. Bette acha ótimo, porque não tem mesmo qualquer intimidade com a churrasqueira. Tina mostra à amiga onde estão as carnes já temperadas por ela e vai até à cozinha preparar as saladas. Alice se oferece para ajudar e vai com a produtora para a cozinha.

- Como vão as coisas, Shane? Algum trabalho novo? – pergunta Max.

- Bom, nenhum garoto para interpretar na tevê e acho que vou dar um tempo nessa coisa de andrógina propaganda – ela ri de si mesma – Mas tem uma proposta da Paramount no que eu realmente gosto de fazer: transformar pessoas com cortes de cabelo.

- E você vai aceitar? – quer saber Bette.

- Conversei com Alice sobre isso essa noite.

- E? – insiste o grávido.

- Ela disse que seria um erro não aceitar. Eu ainda não dei minha resposta – diz.

- Produção de filme ou tevê? – questiona a curadora.

- Filme… É o roteiro da Jenny. Tenho até segunda para ir até lá e começar a trabalhar ou desistir – revela.

- Entendo – Bette dá um tapinha carinhoso no ombro da amiga – Mas você deve enxergar o trabalho, não a Jenny. Eu sei que é difícil, mas ela se foi. E nós temos que continuar, Shane.

- Bette está certa, Shane. Você deveria aceitar o emprego. É uma produção badalada pelo que andei lendo. E, ao que parece, muita gente vai prestar atenção nesse filme. Pode ser uma grande oportunidade para você – avalia Max.

- Mamy Be, a tia Shane pode cortar meu cabelo? – pede Angélica, enquanto se equilibra em sua boia de golfinho.

- Depois a gente vê isso com a mamy Ti, docinho – responde à filha – O que você acha, Shane? – pede a opinião da amiga.

- Bem, se vocês deixarem, é claro que sim. Adoro os cachinhos de Angie, sempre disse isso – responde a cabeleireira e pisca para a menina, que se diverte batendo os pés na água.

Kit e Sonny chegam. Ela carrega uma travessa de arroz à piamontese enquanto seu namorado tem nas mãos alguns fardos de cerveja. Bette pega o arroz com a irmã e chama o cunhado para guardar a bebida no freezer.

Quando os dois entram, Tina e Alice saem com duas travessas de saladas. Uma de folhas verdes com tomate seco e azeitonas pretas e outra de salada de batatas. A produtora traz ainda um copo de suco para Angie. Ela deixa a travessa na mesa e vai até a piscina onde está a menina.

A loira puxa a boia até a borda e dá o copo de suco de melancia para a filha, o preferido de Angélica.

- Como está se sentindo hoje, Max? – preocupa-se Kit. Ela se senta ao lado dele.

- Bem desconfortável, na verdade. O carinha aqui está se mexendo bastante – responde ele e coloca, mesmo que sem jeito, a mão sobre a barriga.

- Qual foi a previsão da médica para o parto, Max? – quer saber a produtora executiva.

O transexual olha para Alice.

- Ow shit, ele pode nascer a qualquer momento – informa a jornalista.

- Mas não se preocupem, estamos cuidando das coisas. A bolsa dele já está arrumada e o berço do bebê também – revela Shane – Max e eu andamos trabalhando nisso – ela faz um sinal para o amigo, que sorri, feliz por ter as garotas por perto.

Helena chega com Mary e algumas sacolas de supermercado.

- Bom dia a todas! – cumprimenta ela e logo sorri ao ver o drag queen – E bom dia Sonny – sorri. A inglesa pega na mão da policial e a introduz ao ambiente – Bom, acho que não preciso apresentar Mary a vocês – diz e a deixa para guardar as coisas que trouxe.

- Oi – a detetive levanta a mão direita num tímido cumprimento a todas.

- Olá Mary, seja bem vinda a nossa casa – adianta-se Bette e troca um aperto de mão com ela.

- É um prazer recebê-la aqui – Tina chega, abraça sua mulher por trás com uma das mãos e também dá as boas vindas à detetive.

- Sua filha não quis mesmo vir? – pergunta Kit.

- Não, como eu previa. Ela ficou em casa em meio ao trabalho que está fazendo – diz.

- Ah, você tem uma filha – admira-se Bette – Quantos anos ela tem? – interessa-se em saber.

- Liv tem 26 anos – informa.

- Nossa, você deve ter sido mãe muito cedo – especula Tina.

- Eu tinha 17 anos quando ela nasceu – conta – E Liv foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida – emociona-se ao pensar em sua fada ruiva.

Helena retorna da casa e a abraça por trás, dando um beijo no pescoço da investigadora.

- A filha dela é absolutamente adorável – elogia a empresária – Vocês precisam conhecê-la – olha diretamente para Shane, que ri da ideia da empresária.

- Sonny, será que você poderia cuidar da música? – pede Tina, enquanto tira o vestido e cai na piscina.

- Eba! – Angélica se joga da boia e mergulha com sua mãe.

- Você precisa de um aparelho de som ou um notebook? – indaga Bette.

- Não é necessário – ele responde – Eu costumo ter uma pequena mesa de som no carro. Vou buscar e montá-la aqui, é rápido – garante o transformista e se retira.

- A noite de ontem foi incrível, Helena! O Hit nunca esteve tão cheio. Adorei a decoração temática – elogia Alice.

- Obrigada. Mas os méritos são, especialmente, de Kit e Sunset Boulevard. Elas são o algo a mais do Hit – pisca para a sócia.

- Babygirl, não seja modesta! Você sabe que faz um trabalho incrível e, além do mais, as meninas são loucas por você – ri – Aliás, Mary, você não deveria deixar a nossa inglesinha solta no Hit à noite. As garotas não perdoam – aconselha, divertida.

- Bem, eu não sabia que era assim. Vou ter que tirar alguns dias para aparecer por lá – avisa e beija a empresária.

- Ok, eu vou adorar ter você no Hit, honey, mas não é bem assim – defende-se Helena.

- Ah é sim – instiga Tina – Principalmente com Shane fora de circulação – provoca a produtora do Peabody-Shaolin Film Studio.

- Ah é! As lésbicas de Los Angeles estão numa espécie de luto por sua diva – complementa Bette.

- Hei, eu já entendi o recado, ok? Podemos mudar de assunto? – pede a cabeleireira.

- Shane, você é o centro do Les World depois da saída de Papi. O The chart não me deixa mentir – insiste Alice.

- Ok, Al, mas já chega – a morena encerra o assunto.

Shane corta carne e passa a bandeja para a jornalista servir às outras pessoas. Tina faz um prato para a filha e dá almoço à Angie na borda da piscina. Helena prepara drinks à base de vodka ao gosto das amigas e um Dry Martini para si mesma. Sonny bebe cerveja. Max vai de refrigerante. Kit acompanha a sobrinha no suco, para orgulho de sua irmã. Mary também fica apenas no refresco de frutas. Ela diz que até gosta de beber, mas vai trabalhar mais tarde. Nada de álcool, portanto.

O DJ reveza com Shane na churrasqueira enquanto seu set list de clássicas da música eletrônica anima o ambiente.

Bette e Tina dançam com Angélica. Alice se senta com Max e almoça. Shane tira Kit para dançar e Helena convida Mary. Ela aceita e se revela uma grande dançarina, deixando a inglesa excitada.

Depois que todos almoçam, a festa vai para dentro da piscina. Apenas Max e Mary ficam de fora. São quase três da tarde e o desenvolvedor de softwares sente seu desconforto aumentar, mas não fala nada. Ele conversa com a policial e conta de um projeto independente no qual vem trabalhando e confessa que espera vendê-lo a uma grande corporação. Mary percebe que ele não está bem e pergunta o que Max está sentindo. Ele não tem tempo de responder. Uma contração mais forte faz com que se curve de dor. A detetive percebe que a bolsa de líquido amniótico rompeu. Ela se levanta e avisa a todas.

- O bebê está nascendo – anuncia.

0 comentários: